A doença isquémica cardíaca permanece como a principal causa de morte no mundo, responsável por cerca de 9 milhões de mortes em 2021 (WHO, 2024). As doenças cardiometabólicas não-transmissíveis, como a diabetes, têm vindo a assumir uma preponderância crescente como causa de mortalidade no mundo. Globalmente, a Diabetes afeta cerca de 537 milhões de adultos e cerca de 374 milhões de pessoas têm risco acrescido de desenvolver diabetes tipo 2 (DT2). É um dos problemas de saúde com maior crescimento no século XXI, o que implicou um crescimento global de 316%, nos últimos 15 anos, da despesa de saúde associada (International Diabetes Federation, 2021). As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte em pessoas com diabetes com custos de saúde resultantes que ascendem a mais de 33 mil milhões de euros globalmente (American Diabetes Association, 2018). Acresce que os distúrbios metabólicos são frequentemente concomitantes, potenciando ainda mais o risco cardiometabólico, assim como a necessidade de cuidados e os respetivos custos (American Diabetes Association, 2021a).

A atividade física e o exercício têm sido recomendados como tratamento, ou como intervenção neoadjuvante, para pelo menos 26 condições clínicas diferentes, incluindo doenças cardiometabólicas (Pedersen and Saltin, 2015; Shah et al., 2021). A atividade física diária é uma parte crucial do ciclo de 24 horas de atividade, com um impacto indelével na saúde (Rosenberger et al. 2019) e tem sido enquadrada no âmbito do autocuidado, uma vez que depende do papel ativo e da vontade de cada pessoa na sua vida (American Diabetes Association, 2021b). Comportamentos simples de atividade física, como caminhar uma milha por dia ou mais (≥1,6 km/dia), podem proporcionar uma redução de duas vezes no risco ajustado de mortalidade por todas as causas e uma redução de cinco vezes no risco ajustado de doenças não-coronárias. O autocuidado é uma dimensão fundamental da capacitação das pessoas com doenças crónicas, capacitação essa considerada uma boa prática estabelecida pelo projeto europeu EMPATHiE. São necessários mais estudos que determinem as melhores práticas e as abordagens mais efetivas para aumentar de forma sustentável a participação e a adoção de comportamentos de atividade física.

A intervenção em populações com condições clínicas apresenta sempre um risco acrescido e exigem um maior rigor e qualidade na intervenção, nomeadamente nas questões que se relacionam com a gestão da relação risco/benefício. Existem linhas orientadoras bem estabelecidas, relativas à prescrição de exercício, para um número alargado de condições clínicas cardiometabólicas não-transmissíveis, incluindo diabetes, obesidade e doença das artérias coronárias (Liguori, 2021). Face ao aumento da disponibilidade de recursos tecnológicos à disposição dos profissionais e dos utilizadores em geral, é importante pensar novas formas de potencias os recursos disponíveis para robustecer a prescrição do exercício, por profissionais do exercício, com o objetivo de conseguir programas de exercício mais efetivos, individualizados e com efeitos positivos maximizados para cada participante. O aumento da tecnologia disponível para avaliar rotineiramente parâmetros fisiológicos, por exemplo, podem contribuir para melhorar uma prescrição de exercício personalizada ou de precisão, para maximizar os benefícios para cada pessoa (Ruiz et al., 2023). É necessária investigação continuada para aumentar e fortalecer o conhecimento disponível para apoiar e maximizar a prescrição de exercícios personalizados ou de precisão e os seus efeitos. Esta necessidade de evidências e algum desconhecimento face ao rápido avanço e disponibilização de tecnologia está a limitar o potencial de individualização e de precisão na prescrição do exercício e na maximização dos seus resultados.

As intervenções baseadas em, ou melhoradas/ expandidas por recursos tecnológicos, incluindo diversificadas aplicações móveis e as mais variadas tecnologias vestíveis, dirigidas a pessoas com doenças cardiometabólicas, como a diabetes, parecem úteis para a promoção de literacia da saúde e para a promoção de comportamento saudáveis, como a atividade física, capacitando os utilizadores para o autocuidado promotor de saúde, com resultados positivos para a saúde e para a redução do risco metabólico e das suas complicações (Cui et al., 2016; Fleming et al., 2020). Contudo, ainda não é possível determinar as melhores abordagens para assegurar a melhor eficácia, efetividade e eficiências dos programas baseados em tecnologia para a promoção de atividade física e estilos de vida saudáveis nas diversas populações clínicas, face á relativa escassez de evidências sobre este tema.

A avaliação económica de programas de promoção de atividade física e de exercício para a populações clínicas e a procura de soluções eficientes são frequentemente subvalorizadas, mas são absolutamente essenciais quando se pretende influenciar políticas sustentáveis promotoras da saúde da população, particularmente de populações clínicas mais específicas. Apesar de a avaliação económica destas intervenções ainda não serem a regra, há resultados promissores que encorajam esforços adicionais para o estudo e desenvolvimento de intervenções baseadas em, ou melhoradas/ expandidas por tecnologia (Rinaldi et al., 2020). Esforços de investigação deste tema poderão suportar novas políticas e investimentos de saúde pública que possam trazer os melhores benefícios para a população, assegurando em simultâneo a sustentabilidade das políticas e das práticas implementadas.


Palavras-chave: Saúde Cardiometabólica; Exercício Físico; Redução do Risco Cardiovascular


Objetivo Geral:

  • Avaliar a eficácia, efetividade, e eficiência de programas de exercício controlado, multicentro e potenciados por estratégias baseadas em tecnologia para a promoção da prática de atividade física e prescrição exercício de precisão, enquadrado numa abordagem de 24h de atividade, para a promoção de saúde cardiometabólica, no âmbito do ExerHeart.

Objetivos Específicos:

  • Recolher e analisar os dados existentes relativos à utilização de tecnologia para suportar ou expandir os programas de promoção de atividade física e de prescrição de exercício de precisão direcionados para populações específicas, com condições clínicas ou risco aumentado, para a promoção da saúde cardiometabólica
  • Construir intervenções multicentro, baseadas em evidência, dirigida a populações específicas com condições clínicas ou risco aumentado, para a melhoria da saúde cardiometabólica.
  • Avaliar em que medida as ferramentas tecnológicas mais comuns, fáceis de utilizar e acessíveis aos cidadãos em geral, podem ser úteis para melhorar ou expandir os programas de exercício e de promoção da atividade física, no âmbito das ciclo de 24h de atividade, para a melhoria da saúde cardiometabólica.
  • Avaliar a eficácia e efetividade de programas de prescrição de exercício de precisão dirigidos a diferentes grupos-alvo, com condições clínicas ou risco aumentado, para a melhoria da saúde cardiometabólica.
  • Avaliar a eficiência e realizar análise económica de diferentes programas de exercício e de promoção da atividade física, melhorados/expandidos ou não com recursos tecnológicos, dirigidos a diferentes grupos-alvo, com condições clínicas ou risco aumentado, para a melhoria da saúde cardiometabólica.


Referencias

  1. (WHO, 2024). WHO’s Global Health Estimates. Geneve, WHO. (Accessed on September 20th). https://www.who.int/data/global-health-estimates
  2. International Diabetes Federation (2021). IDF Diabetes Atlas. 10th Edn. Available at: www.diabetesatlas.org (Accessed September 20, 2024).
  3. American Diabetes Association (2018). Economic costs of diabetes in the U.S. in 2017. Diabetes Care 41, 917–928. https://doi.org/10.2337/dci18-0007
  4. American Diabetes Association (2021a). Cardiovascular disease and risk management: Standards of medical care in diabetes - 2021. Diabetes Care 44, S125–S150. https://doi.org/10.2337/dc21-S010
  5. Pedersen, B. K., & Saltin, B. (2015). Exercise as medicine—Evidence for prescribing exercise as therapy in 26 different chronic diseases. Scandinavian Journal of Medicine & Science in Sports, 25, 1–72. https://doi.org/10.1111/sms.12581
  6. Rosenberger, M. E., Fulton, J. E., Buman, M. P., Troiano, R. P., Grandner, M. A., Buchner, D. M., & Haskell, W. L. (2019). The 24-Hour Activity Cycle: A New Paradigm for Physical Activity. Medicine & Science in Sports & Exercise, 51(3), 454–464. https://doi.org/10.1249/MSS.0000000000001811
  7. American Diabetes Association (2021b). Facilitating behavior change and wellbeing to improve health outcomes: Standards of medical care in diabetes−2021. Diabetes Care 44, S53–S72. https://doi.org/10.2337/dc21-S005
  8. THE EMPATHIE PROJECT: EMPOWERING PATIENTS IN THE MANAGEMENT OF CHRONIC DISEASES, (https://ehff.eu/the-empathie-project-empowering-patients-in-the-management-of-chronic-diseases/).
  9. Liguori, Gary, & Medicine, A. C. of S. (2021). ACSM’s Guidelines for Exercise Testing and Prescription(Eleventh, Paperback edition). Wolters Kluwer Health. ISBN/ISSN: 9781975150181.
  10. Ruiz, J. R., Sevilla‐Lorente, R., & Amaro‐Gahete, F. J. (2023). Time for precision exercise prescription: The same timing may not fit all. The Journal of Physiology, JP285958. https://doi.org/10.1113/JP285958
  11. Cui, M., Wu, X., Mao, J., Wang, X., and Nie, M. (2016). T2DM self-management via smartphone applications: A systematic review and meta-analysis. PLoS One 11, 1–15. https://doi.org/10.1371/journal.pone.0166718
  12. Fleming, G. A., Petrie, J. R., Bergenstal, R. M., Holl, R. W., Peters, A. L., and Heinemann, L. (2020). Diabetes digital app technology: benefits, challenges, and recommendations. A consensus report by the European Association for the Study of Diabetes (EASD) and the American Diabetes Association (ADA) Diabetes Technology Working Group. Diabetologia 63, 229–241. https://doi.org/10.1007/s00125-019-05034-14
  13. Rinaldi, G., Hijazi, A., and Haghparast-Bidgoli, H. (2020). Cost and costeffectiveness of mHealth interventions for the prevention and control of type 2 diabetes mellitus: A systematic review. Diabetes Res. Clin. Pract. 162:108084. https://doi.org/10.1016/j.diabres.2020.10808

Projetos relacionados:

  • VAPrevention (home page), Funded by means of national funds by FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P (Ref.ª 2022.02969.PTDC; https://doi.org/10.54499/2022.02969.PTDC);
  • Train4Health (home page) Funded by European Union, under the ERASMUS plus program (Ref.ª 2019-1-PT01-KA203-061389);
  • VASelfCare (home page), Funded by means of national funds by FCT – Fundação para a Ciência e a Tecnologia, I.P (Ref.ª Project LISBON-01-0145-FEDER-024250, 02/SAICT/2016).

Estudantes de Mestrado/Doutoramento:

  • 8 MSs Students are envisaged for the monitoring of the Physical Activity and Exercise community programs and for collecting and treating data.
  • 2 PhD Students are envisaged for overviewing the implementation of the Programs, organizing and treating and all the data collected, combined.


Organizações Apoio:

  • ULS Médio Tejo
  • ULS Lezíria
  • Liga dos Amigos do Hospital de Santarém
  • Câmara Municipal de Rio Maior
  • Câmara Municipal de Santarém
  • Serviço Nacional da Saúde (SNS)/ National Health Services of Portugal
  • Direção Nacional de Saúde / National Health Directorate
  • Associação Portuguesa de Cardiologia
  • Associação Portuguesa de Hipertensão
  • Fondazione Policlinico Universitario "Agostino Gemelli" IRCCS, Università Cattolica del Sacro Cuore Emanuele Marzetti: https://scholar.google.it/citations?hl=it&user=_l6AEXYAAAAJ

Ensaio Randomizado controlado e avaliação económica de um programa(s) híbrido multicentro de atividade física e exercício, enquadrado numa abordagem de 24h de atividade, para a promoção de saúde cardiometabólica

MEMBROS
*Chamada para rede fixa nacional
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